quinta-feira, 4 de junho de 2009

USO DO JORNAL NA SALA DE AULA


Refletir e analisar criticamente a realidade que nos chega diariamente pelas paginas de um jornal, é grande o desafio que o professor e alunos devem enfrentar juntos. A vivência prática unida à reflexão teórica sobre metodologias abrirá caminhos nas práticas pedagógicos. O bom professor deve estimular a diversidade, torcendo para que seus alunos tenham suas próprias idéias. E mais do que isso, tenham a coragem de defendê-las, devidamente fundamentadas, em qualquer situação. E, sobretudo tenham a coragem e a segurança de se admitirem errados e mudarem sua opinião.
Utilizado como método pedagógico, o jornal serve de magnífica ponte entre a realidade e o conhecimento científico. O aluno conhece melhor o mundo em que vive.
É um estímulo para que ele se interesse pela história da África, berço da civilização, quando lê sobre Nelson Mandela, ou sobre a história do Oriente Médio, quando sabe da explosão de um carro bomba no Líbano.
Ele vai ver com outros olhos a História do Brasil quando quiser entender o Impeachment de um presidente da República. Terá mais facilidade de entender que a história não é um amontoado de datas, mas uma seqüência lógica que ajuda a explicar as caras pintadas.
O aluno tem mais condições de se interessar por ciências ao tomar conhecimento pelos jornais de um novo software, curas contra o câncer ou novos tratamentos da AIDS, enfim está aprendendo na prática a cidadania, está conhecendo o mundo que o rodeia e está sendo estimulado a opinar, optar, agir.
A indignação com os meninos de rua, assunto diário na imprensa, deve ser acompanhada da absorção de conhecimentos sobre demografia, migração, urbanização, distribuição de renda, salário mínimo, desemprego, inflação , questões ambientais.
O ensino da sala de aula deixa de ser algo abstrato e tem como uma de suas tarefas, formarem bons cidadãos, conscientes de seus direitos, capazes de identificá-los e defende-los em qualquer circunstância – indivíduos capazes de estabelecer a relação entre opulência do Primeiro Mundo e a pobreza do Terceiro Mundo; a poluição das ruas de Nova Yorque e o aquecimento do Planeta; a seca do Nordeste e o descaso das elites Políticas, bem como a corrupção e o despreparo de alguns policiais.
É nunca ouvir uma afirmação sem questioná-la. É saber acreditar e saber desconfiar. É investigar a realidade, matéria prima dos jornais.

“LUGAR DE LER JORNAL É NA SALA DE AULA”
Os professores devem encontrar nos jornais, um importante recurso para debater fatos a atualidade juntamente aos seus alunos.
Acompanhar as flutuações da economia, as mudanças políticas ou o desdobramento dos movimentos sociais é essencial para que o aluno entenda o mundo em que vive, forme sua consciência cidadã e relacione os conhecimentos científicos com a vida real. “Alunos “urbanos” quase sempre têm contato com jornais e revistas, mesmo assim, devem ser ‘ apresentados” aos jornais.
A intenção é familiarizá-los com a imprensa escrita, além de trabalharmos com a compreensão aprofundada sobre o conteúdo do noticiário.
Pode-se explicar por exemplo, a função dos títulos, das manchetes, das divisões por assuntos ou como as figuras se relacionam com texto.
Através da comparação de jornais, temos condições de partir para uma análise mais detalhada nos deparando com jornais mais analíticos, com textos mais longos e outros mais esquemáticos.
Sugerimos então algumas atividades a serem trabalhadas em forma de aquecimento e entendimentos do “jornal” como recurso pedagógico.

1ª SUGESTÃO
1º Passo
A atividade começa com os alunos lendo individualmente o jornal.
A seção de meteorologia é usada para iniciar o exercício de compreensão. “ Os símbolos, as cores e a organização da página sobre o tempo a tornam fácil de entender”. Pode-se observar também as manchetes, compreendendo o seu significado.

2º Passo
Pede-se aos alunos que observem as fotos do jornal para contar a história relatada na reportagem. O professor pode separar algumas fotos questionando: Que sentimento elas passam? Alegria, Tristeza?... “ A intenção é mostrar a relação entre texto e imagem”. Em seguida os alunos recortam as fotos que mais os impressionaram para o exercício seguinte.

3º Passo
Os alunos devem colar as fotos em uma folha de papel e escrever legendas para elas.
A intenção, além de aumentar a capacidade de observação, é incentivar a criatividade dos alunos. Alguns fazem questão de escrever legendas contextualizadas, ou seja, que falem fatos reais que leram no próprio jornal ou ouviram no rádio ou TV,...
Outros usam a imaginação, sem compromisso com a notícia
Na etapa seguinte os alunos irão ler o que produziram diante de aula, comparando posteriormente a criação individual ( ou grupo) de cada um , com texto original de onde a foto foi retirada.
O objetivo final desta etapa, é mostrar que uma foto ou uma notícia pode ter várias interpretações.

2º SUGESTÃO
No caso do trabalho com jornais e revistas o professor realmente deve iniciar suas atividades familiarizando os alunos com a linguagem dessas publicações. Uma boa estratégia é selecionar uma certa notícia e fazer uma espécie de discussão e debate com os alunos antes de ler a reportagem. Quando o assunto já estiver fartamente comentado, pedir aos alunos que ouçam com atenção a leitura do professor, observando de que forma o jornal conta o mesmo tema que exploraram, especialmente no que se refere ao tipo de linguagem.
Repetir o procedimento com objetivo de ajudar os alunos a conhecerem as especialidades do texto jornalístico, ampliando seus recursos lingüísticos para produzir os próprios textos, dando condições inclusive para que se tornem efetivamente, leitores de jornais.

3ª SUGESTÃO
Apresentar vários exemplares jornalísticos à sala.
Deixar os alunos explorarem livremente o material, até chegar a escolha de uma reportagem que os agradem.
Em seguida, solicitar aos alunos para façam a leitura silenciosa do material, interpretando-a.
Após a leitura, confeccionar sem consulta,a reescrita da reportagem, atentando para os fatos principais, a seqüência das idéias, e principalmente, a informação obtida através da leitura.
O professor poderá explorar a partir da reprodução do aluno inclusive conceitos gramaticais já estudados.
Pro exemplo: solicitar aos alunos que sublinhem substantivos, verbos,advérbios e em seguida substitua-os por outras que tenham a mesma função gramatical, porém sem alterar o “sentido” contextual da escrita.
Neste momento poderá retornar em forma de revisão, a explicação de atividades realizadas em outras aulas.
Ao final, depois de desenvolver todas as etapas da atividade, comparar a “reprodução” do aluno com o texto jornalístico.
Importante: Qualquer atividade diversificada, utilizada como complementação e apoio deve estar ligada ao “eixo temático” da aula.


O JORNAL NAS AULAS DE HISTÓRIA / GEOGRAFIA
Abrir um jornal... que infinidade de letras, números, fotos, gráficos, TEXTOS!
Vamos estudar História e Geografia. Por onde começar?
Ao percorrer o jornal, muito se tem para atrair a atenção. Tudo faz a referencia à História e à Geografia. O homem no espaço e no tempo. Um tempo de agora, e um espaço qualquer.
Saber do tempo de hoje e de amanhã no Brasil e no Mundo, da hora que passa com o passar dos meridianos, da poluição das praias, das marés, do movimento das ondas, das fases da lua e até dos ventos que sopram nas velas das embarcações. Representar o espaço localizar-se nele num determinado tempo histórico. Ler símbolos interpretar um clima.
Ver muitas siglas, muitas tramas internacionais. Quem ganhou quais acordos, quantos dólares, quem tem o maior PIB, onde o salário mínimo é mais mínimo, a renda per capta – o quê é? O grupo dos tigres é agressivo, dos G8, e o Mercosul... Aí está o Brasil. Qual é o índice de desemprego no Brasil? E no resto do mundo? Analisar, comparar, levantar hipóteses. As relações que os homens estabeleceram entre si são complexas. É preciso produzir para sobreviver.
Saber do milho, do algodão do adubo, da criação de gado, das pragas. Da nova tecnologia que ajuda o homem do campo. Viver da terra, na terra. Uso e ocupação do espaço pelo homem. Agricultura e pastoreio, e as atividade que revolucionaram a nossa vida e que fizeram surgir as comunidades e as primeiras cidades.
Conhecer lugares longínquos. Quantas viagens! Fazer um trajeto cortando o planeta. A pé, de navio, de bicicleta, avião, carro –Transportar-se para outro lugar, descobrir suas características: clima, relevo, vegetação, rios,mares,povo nunca antes visitado. Representar o espaço, localizar os pontos a visitar, relacionar informações, descobrir a história.
Atualizar-se com as novidades científicas. Achados arqueológicos reconstroem um passado que tão distante parecia nos interferir no presente. Ledo engano. Novas descobertas e interpretações referentes à vida do homem na terra.
Imagine quanto de História e Geografia se lê nas páginas de um jornal. A leitura nunca se acaba, sempre se transforma.

O JORNAL NAS AULAS DE MATEMÁTICA
A escola distingue e separa desde muito cedo dois sistemas básicos de representação da realidade: o alfabeto e os números. Algumas das dificuldades mais remitentes no ensino de Matemático decorrem deste fato. Ao utilizar de modo integrado letras e números, palavras e imagens, constituindo uma linguagem mista que engloba a língua e a Matemática, o jornal oferece uma contribuição fundamental para ultrapassagem de tais dificuldades.
Comparecem com grande freqüência nas páginas dos jornais alguns dos temas curriculares mais importantes nas aulas de Matemática dos anos finais do ensino fundamental. Além das operações básicas abrangendo números positivos e negativos, fracionários e decimais, da onipresença das porcentagens, podem ser encontrados gráficos e tabelas de diferentes tipos, múltiplas situações envolvendo a idéias de proporcionalidade entre grandezas, a noção intuitiva de função, temas variados de geometria, como cálculos de área, volumes, a noção de semelhança, etc.
A tarefa de selecionar recortes para explorar em classe, cabe ao professor, em decorrência das discussões que pretende desencadear, e aos alunos, em sintonia com os aspectos da realidade que despertam seus interesses.


O JORNAL NAS AULAS DE PORTUGUÊS
Desde o período imediatamente anterior à alfabetização, o jornal pode ser um instrumento especialmente útil para o recebimento de letras, números, palavras ou imagens, fornecendo elementos para uma espécie de “leitura”, do tipo que os aprendizes realizam com as primeiras histórias em quadrinhos. Mas adiante, para o exercício da leitura, o jornal oferece textos vivos, em linguagem direta, simbioticamente relacionadas com ilustrações, que muito facilmente chamam atenção e passam a constituir temas de animadas conversas entre os alunos.
Mais especificamente, nas quatro últimas séries do Ensino Fundamental, procura-se um domínio maior na capacidade de expressão escrita. Nesse sentido, a utilização do jornal pode representar uma contribuição extremamente importe. Sua linguagem direta, concisa, mas plena de informações significativas, serve de estímulo e degrau para a produção de textos mais ambiciosos do que os elaborados nas séries iniciais. O desenvolvimento da capacidade de articulação das idéias, do estabelecimento de relações entre aparentemente independentes, da competência na construção de argumentos é outro resultado esperado do ensino da língua nessa faixa etária para a qual os textos jornalísticos podem oferecer uma contribuição importante. Além disso, dado que os jornais muitas vezes referem-se a temas ou fatos vivenciados pelo leitor, a possibilidade de comparação entre fatos e verões, ou entre diferentes versões é especialmente favorável para o exercício de uma leitura crítica.
Resumindo, continuamente, os textos jornalísticos oferecem um cardápio variado, com múltiplas perspectivas de explorações de natureza didática. Dos editoriais, que podem ser exemplos de concisão, sem prejuízo da argumentação desenvolvida ou da mensagem veiculada, às páginas dos cadernos de Turismo, que fornecem elementos muito ricos para exercícios de descrição, praticamente tudo pode servir de apoio ao trabalho docente.

O JORNAL NAS AULAS DE CIÊNCIAS
Sob a ótica da ciência, observar fenômenos analisá-los, compara-los com o já conhecido, levantar hipóteses e chegar a conclusões...
A ciência de hoje não é a amanhã. Os cientistas não param para investigar o mundo em que vivemos. O conhecimento do homem se expande em grande velocidade. Se pensarmos como era nossa vida há 30 anos, vemos o quanto ela se modificou. E 30 anos é muito pouco tempo.
Como construtores incansáveis do conhecimento, hoje têm claro que nosso saber não pode ser medido apenas pela quantidade de informação que armazenamos - a função de armazenagem é mais própria para Banco de Dados - mas pela habilidade com que dela nos utilizamos para criar, transformar, construir.
O estudo da Ciência deve ter este pressuposto. Levar o aluno a pensar a partir de suas observações, fazê-los perceber a sua possibilidade de interferir no que se supõe estabelecido, criar oportunidades para que se instaure o gosto pelo conhecimento, o prazer da descoberta, fazê-lo persistente diante das dificuldades.
Através dos meios de comunicação de massa, o mundo passa diante de nossos olhos diariamente. O passado se faz e o presente se transforma em nossa história. Os cientistas anteriores Guttemberg não tiveram a possibilidade de ver suas descobertas divulgadas para o povo tão rapidamente e numa linguagem tão acessível. Hoje nós os ouvimos como visinhos que se cruzam casualmente. Um tal privilégio não pode ser ignorado.

Fonte de referência:
FORMAÇÃO CONTINIADA EJA/2008
DIRETORIA REGIONAL DE ENSINO DE ARAGUAÍNA - ESTADO DO TOCANTINS

Edição 228 - Cinquenta ideias para 2010

- Neste número, você encontra uma lista de ações indispensáveis ao seu trabalho para garantir a aprendizagem dos alunos no próximo ano. Não perca também a entrevista exclusiva com o pesquisador francês Guy Brousseaou, o pai da Teoria das Situações Didáticas.

http://revistaescola.abril.com.br/edicoes-impressas/228.shtml

Planejamento - 2010

Edição Especial - Expectativas de aprendizagem em Arte - 6º ao 9º ano. Confira o que a turma deve aprender no Ensino Fundamental II:

http://revistaescola.abril.com.br/edicoes-especiais/030.shtml

Gestão Escolar

Edição 005 Dezembro 2009/Janeiro 2010: Semana pedagógica: o que não pode faltar. Dia a dia, tudo o que você precisa para fazer o planejamento do ano:

http://revistaescola.abril.com.br/indice-gestao/005.shtml

Confira também:

Consulte as outras Edições da Revista Nova Escola:

http://revistaescola.abril.com.br/